Natan Rufino | Áudio
A diabólica doutrina Calvinista da Predestinação para o inferno
JUDAS: MÚSICA DE RAUL SEIXAS
Parte de um plano secreto
Amigo fiel de Jesus
Eu fui escolhido por ele
Para pregá-lo na cruz
Cristo morreu como um homem
Um mártir da salvação
Deixando para mim seu amigo
O sinal da traição.
Mas é que lá em cima
Lá na beira da piscina,
Olhando simples mortais
Das alturas fazem Escrituras
E não me perguntam se é pouco ou demais
Mas é que lá em cima
Lá na beira da piscina,
Olhando simples mortais
Das alturas fazem escrituras
E não me perguntam se é pouco ou demais
Se eu não tivesse traído
Morreria cercado de luz
E o mundo hoje então não teria
A marca sagrada da cruz
E para provar que me amava
Pediu outro gesto de amor
Pediu que o traísse com um beijo
Que minha boca então marcou.
Mas é que lá em cima
Lá na beira da piscina,
Olhando simples mortais
Das alturas fazem escrituras
E não me perguntam se é pouco ou demais
Mas é que lá em cima
Lá na beira da piscina,
Olhando simples mortais
Das alturas fazem Escrituras
E não me perguntam se é pouco ou demais
CARTA DA AMIGA
Eis aqui a transcriação da Carta da minha amiga cristã que, na época, estava sendo oprimida pela ideia calvinista de Deus escolher pessoas para ir para o inferno, para a sua glória:
Fortaleza, 10 de agosto de 1997
Saudades...
São tantas coisas que passam pela minha cabeça que não sei por onde começar. Primeiramente, queria te confessar que tenho medo de abrir-te meu coração porque sei que vou levar muita bronca pelo que você vai ver lá. Eu não gostaria de te decepcionar, muito menos preocupar, mas também não quero aparentar o que não sou (mais).
Se você quer mesmo saber como estou, vou começar pelo pior: o espiritual. (Posso quase ouvir você dizendo agora: misericórdia) Meu relacionamento com Deus esta complicado. Talvez você diga que devo buscá-lo mais, orar mais e etc mais. O fato é que cansei de fazer isso exatamente porque não obtive dele resposta alguma, pelo menos não pessoal, como indivíduo (como sempre pensei que fosse), mas sempre fazendo parte de uma coletividade, no povão. Nada direcionado a problemas e decisões específicos. NADA. Você me conhece um pouco e sabe como sempre o busquei com sinceridade e tinha meu coração sedento. Não é que me ache a melhor (ou pior, agora) das criaturas. Só gostaria de me sentir, aliás, saber que sou especial pra ele, se faço diferença ou não no seu tão seleto número de escolhidos.
Cada dia mais acho que ele faz acepção de pessoas. Imagino que você deva estar de queixo caído ao ler tudo isso, altamente decepcionado e super aflito. Desculpe-me. Sei que devo estar beirando o abismo da blasfêmia, mas gostaria que ele se manifestasse de alguma maneira, nem que fosse pra me repreender. Tudo que fiz ou disse nesses tempos foi só pra chamar sua atenção, afinal: Deus corrige o filho a quem ama, então, ou não sou filha, ou ele não me ama. Não sei mais nem o que pensar. Estive bem pior, sabe. Vivia deprimida, chorava o tempo inteiro, clamava a ele (sim), por alguma resposta, uma palavra amiga, e nada. A dúvida de tudo o que sempre cri ser verdade, deu-me medo de tentar o suicídio, com por duas vezes quis.
Pra falar a verdade, não sei quem sou. Sinto-me abandonada por ele, por mais que você vai dizer que não. Sinto-me órfão de pai pela segunda vez. Tenho medo de tudo. Acho-me vulnerável, não sei no que crer, acho que no final, ele conspira contra mim (porque me rebelei), e vivo temendo sua vingança. Se a predestinação existe, como alguns acham, será que eu não fui escolhida pra outra coisa e estive insistindo em ser parte do povo eleito?
Sabe o que eu queria? Eu queria respostas, dialogar com alguém que me conhecesse e não me recriminasse de cara. Preciso de ajuda e sei disso, mas tenho tanto medo de conversar com alguém a respeito de tudo isso... talvez ninguém entenda que eu, que sempre fui tão firme, tão crente, esteja passando por uma crise (mais ou menos 18 meses) tão forte quanto essa, mas quanto maior o gigante, maior a queda.