Estado da Arte
Música no Século das Luzes
O século XVIII se notabilizou como um período de intensa agitação intelectual e social, fruto da confiança ilimitada no poder da razão humana celebrada pelo chamado Iluminismo. Da física newtoniana à máquina a vapor, a cada dia uma nova descoberta científica prometia ampliar virtualmente ao infinito nosso conhecimento e domínio sobre a natureza. E enquanto a vida aristocrática atingia um zênite de requinte e sofisticação nas cortes absolutistas, nos burgos filósofos e reformadores sociais disseminavam as ideias igualitárias que iriam implodir o Antigo Regime durante a Revolução Francesa e a Independência Norte-americana. Mas do fundo de toda essa fúria a cultura da época extrairia uma sonoridade singularmente harmônica, e, sendo ou não adequado o título habitual de a Era da Razão, é também plausível denominar esse período, talvez como nenhum outro antes ou depois, o Século da Música.
Bach, Handel, Vivaldi, Mozart, Beethoven são só alguns dos nomes arqui-conhecidos cuja presença massiva nas salas de concerto e estúdios fonográficos do mundo inteiro só faz aumentar ano a ano, e que, compondo na época da invenção do piano, da consolidação da sinfonia e da popularização da ópera, definiriam aquela que hoje reconhecemos como a música “clássica” por excelência.
Mas quem foram esses homens? O que pensavam sobre a música? E quais as suas motivações ao compor? Acaso, como declararia posteriormente o escritor Ernst Hoffmann, estariam dominados por um “anseio ardente e insaciável” de “ultrapassar os aspectos comuns da vida” e “atingir na terra a promessa celestial que repousa em nossos corações, o desejo de infinito que nos liga ao mundo superior” ou, ao contrário, como dizia à época Joseph Haydn referindo-se às sua próprias composições, desejavam somente que “os cansados, os fatigados e os preocupados com negócios pudessem gozar de alguns momentos de consolo e repouso”?
CONVIDADOS
Mário Videira, coordenador do curso de pós-graduação em música
da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e autor de O Romantismo e o Belo Musical.
Leandro Oliveira, mestre em musicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, idealizador e professor do projeto “Falando de Música” da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo.
Monica Lucas, chefe do departamento de música da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, musicista e professora de história da música.
REFERÊNCIAS
* Breve História da Música (History of Music) de Roy Bennett (Ed. Zahar).
* Music in the Seventeenth and Eighteenth Centuries de Richard Taruskin (Oxford University Press).
* História da Música Ocidental (A History of Western Music) de Donald J. Grout e Claude V. Palisca (Ed. Gradiva).
* O Livro de Ouro da História da Música de Otto Maria Carpeaux (Ediouro).
* O Romantismo e o Belo Musical de Mário Videira (Unesp).
* Barroco, Neobarroco e Outras Ruínas de João Adolfo Hansen.
* Mozart – Sociologia de um Gênio (Mozart – The Sociology of a Genius) de Norbert Elias (Ed. Zahar).
* Dicionário Groves de Música (Groves Dictionary of Music and Musicians) organizado por Stanley Sadie (Ed. Zahar).
* A History of Musical Style de Richard L. Crocker (Dover Music).
* The Classical Style de Charles Rosen (W.W. Norton).
Produção e apresentação: Marcelo Consentino.
Produção técnica: Ariel Henrique e Julian Ludwig.
Ilustração: Concerto para flauta de Frederico o Grande em Sanssouci. Adolph von Menzel (c. 1850)
7 de outubro de 2014