Garagem 99

Garagem 99


Amor & Sexo - Garagem 99

July 03, 2016

 
Somos todos humanos, eu, você, os outros. Somos todos Homo sapiens. No entanto, somos diversos, você, eu e todos os outros, pois temos nossas culturas, religiões e histórias pessoais diferentes, o corpo, a cor da pele, a língua, o modo de entender a vida… Não há dois humanos exatamente iguais. E jamais houve. Você já pensou nisso?
A diversidade é uma de nossas maiores riquezas. Foi ela que possibilitou à espécie experimentar-se de infinitas formas pela longa e difícil jornada da evolução. A diversidade biológico-cultural, ao contrário das teorias que defendem pureza racial e coisas do tipo, é que pode nos oferecer mais e melhores possibilidades de aperfeiçoamento. Se obedecêssemos todos, automaticamente, a um só modo de ser e compreender a vida, nossos horizontes evolutivos seriam bem mais limitados.
E na área da sexualidade? Sexualmente também somos diversos. Pode soar exagerado, mas pense bem: é impossível haver dois seres humanos exatamente com a mesma sexualidade, a mesmíssima forma de viver as relações pessoais e o desejo sexual. Existem humanos homens e humanos mulheres – mas quando o assunto é sexualidade, as possibilidades que se formam a partir daí são tantas que não daria para catalogar com exatidão todas as variantes da sexualidade humana.
A maioria das sociedades atuais, porém, rejeita a natureza diversa da sexualidade de nossa espécie. Aliás, elas não só rejeitam como estabelecem um padrão de normalidade e punem quem não obedece a ele. Foi assim, tentando padronizar artificialmente o que por natureza é amplo e diverso, que essas sociedades construíram uma triste história de intolerância, preconceito e violência, não apenas contra quem não se enquadra no padrão, mas contra a própria espécie humana.
A DISCRIMINAÇÃO e a violência contra pessoas por causa de sua orientação sexual as levam, freqüentemente, a uma vida semiclandestina, regida pelo medo constante de ser descobertas e incompreendidas. Para não serem discriminadas, essas pessoas caem em outro tipo de sofrimento, tão ou mais cruel: a dor de não poder ser o que se é. O que é pior: sofrer abertamente a discriminação ou viver uma vida de mentira?
Talvez você, leitor, seja uma pessoa perfeitamente encaixada no modelo padrão de sexualidade que nossa sociedade estabeleceu, o modelo heterossexual cem por cento. Se é o seu caso, você não sofre discriminação por sua sexualidade, está livre para ser e expressar o que é. Que bom! Mas se você está fora do padrão, sabe muito bem qual o preço que tem de pagar para ser o que é. De qualquer modo, em ambos os casos, encaixando-se ou não em padrões, você tem a sua própria sexualidade, e ela, em sua natureza mais profunda, é só sua, é única, e ninguém mais tem uma igual, pois ninguém mais tem as mesmas preferências, no mesmo grau, do mesmo jeito. Por que então discriminar, se todos nós, por trás dos nossos crachás sociais, temos nossas íntimas particularidades em relação aos padrões sexuais estabelecidos?
A sociedade discrimina o diferente porque é assim que ela busca manter o controle sobre seus indivíduos. Talvez seja um forma de estratégia natural de organização e sobrevivência dos corpos sociais, sim, pois é mais fácil controlar o que se comporta igual. Mas o custo disso é a anulação do próprio indivíduo, que é estimulado desde o início a seguir os mesmos passos de todos, como numa manada.
FELIZMENTE, PORÉM, trazemos em nós, cada um de nós, o impulso potencial para a auto-realização, ou seja, para ser quem verdadeiramente somos em nossa essência, em nossa natureza mais legítima, em vez de obedecer cegamente aos padrões impostos, que nos querem indiferenciados. Os que seguem o impulso da auto-realização acabam se diferenciando do resto da manada e, de fato, pagam caro por construir seu próprio caminho – mas são justamente essas pessoas que transformam a sociedade, apresentando- lhe os novos