Resenha em Áudio | EU INSISTO

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Mansfield Park – Jane Austen

July 22, 2019

Eu sou uma apaixonada por Jane Austen, acho que a delicadeza com a qual ela retratava os personagens é única. Eu também gosto do fato de ela escrever personagens que não são totalmente ruins ou bons, mas possuem características boas e ruins em ambos os tipos de personagens. É fácil odiar um personagem e depois gostar e depois odiar de novo hahaha. Porém já vou começar mandando a real aqui: Mansfield Park não é um livro pra qualquer um ler. Este é um livro lento e que retrata mais da vida com um ritmo que acompanha a rotina e menos de história e grandes acontecimentos e com personagens não tão carismáticos. É preciso ter em mente que esse livro é fiel ao momento história e que foi escrito neste momento histórico pela autora que vivia nesta mesma sociedade. E se você viu o filme, desculpa as coisas no livro são bem diferente ;*.
Fanny é uma jovem humilde que foi enviada para ser criada por seus tios mais abastados. E entre maus tratos de algumas pessoas, a jovem acaba sendo muito bem acolhida por seu primo Edmund. O tempo passa e sentimentos incômodos acabam surgindo no coração da jovem, então como lidar com eles enquanto seu primo se encontra no momento certo para casar e a própria Fanny está sendo cortejada por outra pessoa?
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“Que ninguém tenha a presunção de traduzir os sentimentos de uma moça ao receber a certeza de um amor o qual mal se permitia alimentar uma esperança.”
O livro nos leva junto com Fanny Price desde que ela tinha dez anos, vamos crescendo junto com ela e acompanhando seus altos e baixos de vida. A sua família por carecer de possibilidades financeiras a envia para ser cuidada por seus tios ricos em Mansfield Park. Fanny é uma garota boa, boa até demais na maioria das vezes. Ela usa da paciência para lidar e superar os percalços que sua nova família lhe causam através de inúmeras humilhações. Sério, de todas as protagonistas da Jane Austen essa é a que mais podemos dizer que é calma/bobinha. É bem no estilo da Jane irmã da Elizabeth de Orgulho e Preconceito, tão boa que só queremos que dê um surto em algum momento hahahaha. Fanny prefere mais observar de maneira gentil e dócil do que falar o que deveria, o que pra muitos hoje em dia deve ser irritante mas naquela época era uma qualidade bem valorizada. o ponto é que estamos vendo uma criança que começa de uma forma bem chata e irritante, mas vai superando seu vitimismo e crescendo como pessoa de forma racional e coerente. Exceção deste comportamento abusivo é um dos filhos da casa dos tios, o seu primo Edmund. É óbvio que vemos o crescimento de um sentimento por parte de Fanny ao longo dos anos para com aquele homem que é um dos poucos que valorizam a existência da mocinha.
“De qualquer forma, ouso dizer que sou diferente das outras pessoas.”
A primeira metade do livro é assim, bem lenta e por vezes incômoda. Mas quando começa a segunda parte as coisas melhoram demais e isso acontece porque o tempo passou e nossa querida protagonista se torna uma linda jovem.
Vemos a mudança na personagem e em seu comportamento para com a família que está integrando, mas ainda sendo ela mesma porém mais madura. E então quando duas novas pessoas se juntam à comunidade, os irmãos Henry e Mary Crawford, Fanny aprende que terá que ser capaz de fazer a sua voz ser ouvida ou acabará se arrependendo pelo resto da vida.