Agência io!

Agência io!


Estaçãozinha

April 13, 2021

Você já ouviu falar da Estaçãozinha de Jundiaí? Ou melhor, você já tinha ouvido falar nela antes de seu incêndio em 2018?

Olá, meu nome é Julie Braghetto e este é o Contatos Imediatos, podcast da Agência io!.

O episódio de hoje, que foi produzido em parceria com o sociólogo José Arnaldo de Oliveira, é sobre essa construção que guarda tanta história da cidade.

A Estação Jundiahy-Paulista, conhecida como “Estaçãozinha”, foi construída em 1898 e atendia aos barões do café, fazendeiros e população que seguia do Centro de Jundiaí para outras estações da própria cidade, Interior do Estado ou Capital.

Também recebia partes das cargas e cartas de correspondência, além da utilização de uma comunicação imediata: o telégrafo.

Incontáveis histórias marcam uma época em que a Estação Jundiahy-Paulista era movimentada.

Trens que vai e vão.
Crianças tendo a experiência de utilizar o transporte pela primeira vez na vida.
Grevistas deitados nos trilhos a fim de debater sobre seus direitos.
E até mesmo a Previdência Social Brasileira, que foi implantada com a Lei Eloy Chaves para os empregados de empresas ferroviárias.

E até mesmo um incidente, que ocorreu quando um condutor descontrolou uma locomotiva em teste e derrubou uma parte da estação, como relata a telefonista aposentada Deyse Olívia Prado ao JundiAqui. Mas, segundo ela, os ferimentos foram poucos, comparado ao susto.

Apesar do ocorrido, não foi o incidente que provocou o que posteriormente seria a decadência da Estaçãozinha.

Em 1971, a Companhia Paulista de Estradas de Ferro foi estatizada, incluindo a Estaçãozinha. Já em 2001 houve a municipalização do espaço como Complexo Fepasa, no entanto, essa não incluiu a Estação Jundiahy-Paulista como parte do conjunto. Essa separação geográfica interfere burocraticamente até hoje.

Apesar do esquecimento, os moradores da cidade possuíam um grande carinho pela querida Estaçãozinha, em especial o veterano ferroviário chamado Wilson Corradini, que ocupou o local como forma de protesto a uma indenização que aguardou até o final da vida.

Recebia curiosos e sempre tinha uma história para contar, como do chão da Estaçãozinha que brilhava tanto que era possível ver embaixo das saias rodadas das moças da época.

Ali morou com seu cachorro até por volta de 2014, ano em que se retirou do local para cuidar de problemas relacionados a saúde. A partir de então, a Estaçãozinha começou a sofrer de vandalismo pesado.

Foram quatro anos de descaso e abandono, até que...

”Estaçãozinha” de Jundiaí é totalmente destruída após incêndio. Segundo os Bombeiros, o madeiramento do telhado, janelas e parte da parede da estação cedeu, a prefeitura da cidade informou que lamenta o episódio e dará toda assistência necessária ao Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre...”

NOTA OFICIAL DA PREFEITURA DE JUNDIAÍ SOBRE O OCORRIDO
“A Prefeitura de Jundiaí, por meio da Unidade de Gestão de Cultura (UGC), informa que a estrutura conhecida como Estaçãozinha, localizada ao lado do Complexo Fepasa e atingida pelo fogo no final da manhã desta segunda-feira, pertence ao Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre órgão responsável pela sua conservação e vinculado ao Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil.”

Suas telhas da marca francesa Arnauld Etienne ainda são vistos no chão em pedaços, entre as ruínas do que restou após o incêndio.

O DNIT informou que o local não era mais de sua responsabilidade, e que foi repassado para a prefeitura da cidade. No entanto, a Prefeitura alega que foi feita uma minuta de cessão, mas não houve a formalização.

O que se sabe é que a Estaçãozinha é reconhecida no Inventário do Patrimônio de Jundiaí. E que neste toma lá da cá,