À Deriva

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À Deriva #16 – Renúncia de cidadania

March 06, 2015

- Bom dia, aqui é do governo federal não é?

- Ah, ótimo acho que é mesmo o lugar que estou procurando.

- Olha sr., eu acho que trouxe tudo. Aqui está: minha certidão de nascimento, minha carteira de identidade, meu certificado de reservista, meu título de eleitor, meu CPF, minha matrícula no INSS, meu passaporte, minha carteira de motorista, meu cartão de aposentado, meus cartões de crédito, de farmácia, de plano de saúde e até do Smilles da Varig.

- Minha questão é a seguinte: eu estou renunciando a minha cidadania

- Isso mesmo — eu quero deixar de ser brasileiro

- Como não posso fazer isso?

- Depois de tudo que fizeram comigo?

- O sr. Sabe? Eu sempre fui orgulhoso de ser brasileiro, da nação, da cultura, das riquezas naturais e principalmente do povo. Mas agora, veja o que sobrou — nada ou quase nada

- Eu hoje, tenho até vergonha de dizer que sou brasileiro. Nossa cultura está se tornando uma anti-cultura, uma não cultura — é a tirania da má formação, da violência, da criminalidade, da corrupção, das drogas, da esperteza, da safadeza, malandragem e imoralidade.

- Nossas autoridades são o pior exemplo que existe para qualquer tipo de boa educação e padrão moral. Eles mentem descaradamente. Não têm palavra. Repetem a mentira como uma estratégia maquiavélica até que o povo não saiba mais o que é verdade ou mentira e acabe acreditando piamente na mentira.

- Roubam a céu aberto, deixam provas e impressões digitais, são corruptos e corrompem. A justiça é impotente ou conivente, pois o que realmente predomina é a impunidade.

- Fizeram novamente o Brasil uma Capitania Hereditária, onde os “Coronéis” mandam e desmandam. Transformaram o Brasil todo numa grande pizza e cada um deles ficou com uma fatia. Pobre Brasil!
Quantos policiais e agentes alimentam a corrupção tirando a sua porção do suborno.
Muitos advogados existem para defender quem tem dinheiro e poder. Eles podem levar celulares para os bandidos presos sem nada lhes acontecer. Eles se ocupam em como burlar as leis a favor de seus clientes e não em fazer justiça.

- Pastores e igrejas, isso mesmo, até eles — enriquecem às custas da fé dos inocentes úteis que mais se preocupam com as bem aventuranças do reino dos homens do que com a justiça do reino de Deus.

- E quantos empresários e comerciantes praticam o capitalismo selvagem como se o sucesso financeiro pudesse se tornar um troféu de dignidade.

- Nossas riquezas naturais estão sendo dizimadas por interesses maiores, sem que se faça realmente algo para protegê-las. Desmatamento, queimadas, grilagem são a regra e ninguém faz nada, ou ninguém consegue fazer por causa dos poderes e interesses ocultos. Você já viu algum grileiro ou madeireiro ser punido? Os animais estão em extinção, e nada os salvará… porque não é economicamente interessante preservá-los.
-
Ah, e o povo? Sim o povo sempre foi o meu último consolo, meu último argumento e a minha última esperança. O povo é bom, é amigável, é alegre, hospitaleiro, é honesto.
É? Eu também achava. Agora não acho mais.

- O povo se vende por um punhado de reais, por favorecimentos em repartições públicas, por subornos aos fiscais.

- O povo perdeu a moral, perdeu o referencial. Está à mercê de qualquer tirano que lhes dê pão e circo. A um povo assim eu não quero mais pertencer não.

- O povo vendeu sua dignidade por um prato de comida. O povo se mistura com invasões ilegais de terrenos alheios. A endeusada comunidade abriga, apóia e protege traficantes e bandidos.
A maioria segue a tradição cultural de tirar proveito de tudo o máximo possível, a lei da vantagem.

- O suborno, o “por fora”, molhar a mão… são condutas cotidianas consideradas lícitas e aceitas com a maior naturalidade. Corruptor e corrupto se aliam para cortar caminho, evitar multas, regularizar documentos e qualquer outra tramóia que seja necessária.

- O povo elege ladrões, c


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